12 de abr. de 2011

XXXIII: Direcionando (ou O fim da história e o começo da vida)

Escrito por Fabricio Cantarella

Acordei cedo , estava ansioso. Me sentia engraçado, como se tivesse uns 15 anos e estivesse pra sair com ela pela primeira vez; imaginava todos os cenários possíveis, fantasiava com as curvas do corpo dela, o cheiro, o gosto, os sons. Eu estava inquieto, torcendo pro tempo passar rápido. Me sentia bem, recuperado e disposto, eu estava pronto.

Ela me mandou uma mensagem ainda pela manhã, por volta das dez e meia: "Bom dia Chaz, sonhei com você essa noite ;)". Eu mordi a almofada, dei um grito, começei a pular, é, eu estava realmente ansioso. E ainda faltavam uma hora e meia. Tentei de tudo para me distrair, naveguei internet afora, tentei ler um livro, ouvir música, observar os pássaros, caçar mosquitos e tudo o que consegui foram meros 40 minutos, o que já era um avanço, mas ainda faltava muito. Resolvi sair para caminhar.

Dei umas voltas nos quarteirões da vizinhança, cumprimentei senhoras que passavam, desviei de crianças correndo, quase morri atropelado enquanto atravessava uma rua, ganhei mais um pouquinho de câncer de pele por causa do sol infernal que estava fazendo e matei mais 20 minutos, ja estava na hora de voltar pra casa. Tomei um banho assim que cheguei, coloquei uma camisa de manga curta, uma calça jeans e um tênis qualquer, apesar da ocasião, ainda era um almoço num baita dia quente. Segui em direção à casa da Gabriele.

Dessa vez o taxista só me disse algo do tipo "Rendeu a noite passada então?". É, por incrível que pareça era o mesmo taxista, acho que peguei o celular dele, marquei na minha agenda como 'Táxi' e nem me dei conta imaginando que ele só estava me perseguindo mesmo. Gabriele ja me esperava na calçada, apesar de eu estar uns cinco minutos adiantado. Ela usava um vestido colorido curto e uma sandália, fazendo jus ao calor. Foi logo entrando no táxi e dizendo para onde ir, ela estava num ótimo estado de espírito.

Um belo dia de verão pode-se dizer. Sentamos para almoçar.
E só o que eu conseguia visualizar era o corpo dela por baixo daquele vestido. Ta, eu sei que parece que eu só estava lá pelo sexo, mas não é bem assim, era tudo muito importante, mas tanto eu, quanto ela dávamos a entender que aquilo era só cerimonial e que só não saíamos de lá correndo em direção à alguma cama disposta a servir de ninho-de-amor porque ambos estávamos famintos também. Eu não tinha comido nada ainda, desde que resolvi pular da cama.

Apesar da tensão que pairava sobre a nossa mesa, tivemos um almoço tranquilamente agradável, conversamos sobre tudo o que tinha acontecido, falei sobre o que eu pensava e sentia, esclarecemos tudo o que tinha pra esclarecer e ficamos na pendência de um acordo subentendido de recomeçar. Só faltava uma coisa para marcar o recomeço, mas ainda tinham dois belos pratos de filet a serem batidos; que foram, de certa forma, vorazmente engolidos.

Conta paga, resolvemos ir andando até algum lugar, talvez a minha casa, talvez a dela, saímos andando de mãos dadas, com uma ansiedade velada, sensível o suficiente para respeitar a impotância daquela caminhada. Eram passos que deixavam para trás tudo aquilo que tinha passado e ia em direção a um futuro, juntos, lado a lado.

Caminhávamos em silêncio, não havia a necessidade de palavras, nos entendíamos por olhares, toques, gestos, minha mente vez ou outra fugia para a próxima hora ou duas, ia acariciar o corpo de Gabriele, beijá-la e excitá-la. Passamos pela minha casa, não entramos, ainda não era hora.

- Não quer entrar Chaz?
- Ainda não, que tal caminhar até a sua casa?
- Eu gosto dessa idéia.

Meu coração ficava acelerado e se acalmava, tudo de acordo com a intensidade da mão dela na minha, de acordo com a vontade dela crescendo e indo de encontro à minha. Foi por pouco que não começamos no meio do caminho entre a casa dela e a minha. A mão dela apertou a minha de repente, ela me olhou com uma expressão ávida, os lábios sendo mordidos numa tentativa frustrada de segurar tudo aquilo lá dentro até a hora certa, trouxe ela para mais junto de mim e nos beijamos, de verdade, com vontade, ali no meio da calçada a alguns quarteirões da casa dela. Ela parou o beijo, me olhou querendo mais e eu sei que retribui o olhar, peguei ela novamente pela mão e começei a correr em direção à casa dela. Ela me acompanhou do jeito que pode, segurando a barra do vestido enquanto eu ainda a puxava.

Ela abriu a porta com as mãos trêmulas e a respiração ofegante. Andamos quase todo o caminho em direção ao quarto, em meio a beijos e apertos, arranhões, mordidas e suspiros. Não conseguimos chegar até o ninho-de-amor que a cama dela estava preparada para ser, acabaram as peças de roupa no corredor e foi ele mesmo quem fez as vezes. Ela me empurrou para a parede e começamos, a boca dela fazendo todo o caminho, do começo ao fim do meu corpo, com vontade ela colocou minha mão nos cabelos dela e me fez agarrá-los, me fez controlar o que ela fazia.

- Vem me beijar, agora Chaz!

Ela estava lá, deitada no chão, no meio do corredor, as pernas abertas, o corpo já suado, mas não por isso ela estava molhada daquele jeito. Ela gemia cada vez mais alto enquanto eu sentia o sabor de cada parte dela, me puxava pelos cabelos, arranhava minhas costas. Era Gabriele, mas de um jeito que eu nunca havia visto, com uma vontade que eu nunca havia visto, como se aquela vez fosse o divisor de águas entre tudo o que havia acontecido e o futuro que estava por vir.

- Vem aqui Chaz.

Deitei-me em cima dela, com uma dose de carinho contrastante com a empolgação selvagem que havia reinado até então, ela me olhou fixamente nos olhos, ela me sentia nela e eu sentia toda ela em mim.

- Eu te amo Chaz, muito...

Ela sorriu o tempo todo, se dividia entre gemidos e sorrisos, ela se divertia, estava feliz, assim como eu. Estávamos firmando um acordo simples: "Para sempre, Amém." Ainda parecíamos animais, de frente, de costas, em pé, deitado, sentado, de 4.

...

Estamos sentados agora, no corredor, ainda ofegantes, um ao lado do outro, encostados na parede, olhando para o nada de mãos dadas. Ambos sorrimos pois ambos sabemos que agora é para sempre, juntos, lado a lado, em direção a um futuro feliz, as vezes com roupa, muitas outras vezes sem, mas além de toda a agitação que narrei aqui. FINIS.

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