26 de abr. de 2011

Um

Escrito por Fabricio Cantarella

- Lá vai!
- Manda ver, estou preparado.
- Lançamento longo...VAI!
- Porra! O sol me atrapalhou.
- Hahaha, desculpinha nem vale hein?! Jogo mais fraco a bola na próxima vez.
- Nem é desculpa cara, to falando sério. Mas vai, minha vez...

No exato momento em que Billy se preparava para lançar a bola de futebol americano que segurava com força nas mãos, uma sirene soou.

- Ah não cara, justo agora que eu ia lançar?!
- Vamos embora Billy, amanhã você lança. Que horas são? Minha mãe ia fazer carne assada pro almoço, talvez já esteja pronto e dê pra comer no abrigo.
- Porra Gus, você podia guardar um pedaço pra mim se já estiver pronto.
- Se sobrar até guardo, mas agora corre.

Billy e Gus moravam na mesma rua, eram vizinhos de casa, após ouvirem a sirene ambos correram, cada um para o abrigo subterrâneo de sua respectiva casa. Onde eles moravam, toda casa tinha um bunker, especificamente construído para resistir aos mais intensos bombardeios, com paredes de aço mais grossas que os pneus de um carro e esconder-se neles era uma rotina quase que diária para os moradores de Eyja.

Eyja é uma ilha isolada no meio do Oceano Atlântico, mais ou menos do tamanho de Madagascar. Devido à sua história, cheia de controvérsias políticas e ações dignas de condenação pela ONU, Eyja não consta nos mapas nem nas listas de países do mundo, mas está situada em algum lugar entre os Estados Unidos e a Inglaterra, os dois responsáveis por seu anonimato perante o resto do mundo. A história dessa ilha remete à Inglaterra imperial, quando a ilha de Eyja, então colônia inglesa, era também o paraíso dos affairs e traições da monarquia; o tempo passou mas nada mudou, as duas praias que formam a parte não montanhosa das costas leste e oeste da ilha continuavam sendo os 'ninhos-de-amor' das traições da alta sociedade inglesa. Recentemente porém, foram descobertas imensas fontes de minérios em Eyja e, além da função de paraíso proibido, a ilha tornou-se fonte de matéria-prima para as indústrias da Inglaterra. Tal potencial não passou despercebido pelo serviço de espionagem norte-americano e, durante a chamada 'Guerra ao Terror', os Estados Unidos lançaram um ataque secreto para tentar tomar Eyja para si. Conseguiram, em parte. A porção sul da ilha, local da entrada das tropas americanas em terras Eyjianas foi completamente conquistada, porém, a porção norte resistiu e continuou sob a cidadania Inglesa. Desde então, a porção sul da ilha, agora povoada por cidadãos norte-americanos, mantém-se em guerra com a porção norte pelo domínio total de Eyja.

Geograficamente Eyja é parecida com Madagascar, em extensão de terra e no formato da ilha, a diferença vem no relevo. Pode-se dividir o território em três porções: central, norte e sul. As porções norte e sul são as partes habitáveis, planícies rodeadas por montanhas de todos os lados, exceto os extremos, onde as montanhas dão lugar a uma pequena faixa de terra que termina no Oceano, nessas faixas de terra estão localizados os dois portos que abastecem as porções. A parte central da ilha fornece uma ligação entre as outras partes através de um corredor largo que conecta as duas planícies, corredor esse ladeado por montanhas e fortemente guardado em cada uma de suas pontas. Depois das montanhas da parte central, encontram-se duas praias paradisíacas, porém, totalmente isoladas das partes habitáveis da ilha, com acesso somente pelo mar. Os minérios disponíveis em Eyja se extendem por todo o subterrâneo da ilha e é minerado nos dois extremos, ao lado dos portos por uma questão de logística.

Devido à configuração geográfica, a guerra pelo poderio de Eyja é travada apenas pelo corredor central, em um front plano e sem possibilidades de emboscadas ou avanços furtivos. Ataques pelo mar são praticamente impossíveis pois os portos, quase que blindados graças à artilharia cerrada, protegem a entrada das planícies. Ataques aéreos são as formas mais eficazes de tentar enfraquecer o exército inimigo, portanto, bombardeios são frequentes em ambas as porções de Eyja e uma boa parte dos dias de seus moradores é passada nos bunkers existentes nas casas.

Billy e Gus nasceram nesse contexto, na porção americana da ilha. Possuem os mesmos hábitos e manias dos que moram nos Estados Unidos, gostam de futebol americano, fast-food e mulheres de peito grande (mesmo com a guerra, o comércio de todo tipo de produtos e matérias-primas é intenso nas duas partes da ilha, o que possibilita a presença de fast-foods e peitos grandes). Billy é um rapaz de 1,80 m, cabelos negros curtos, rosto quadrado, com as mandíbulas formando seu contorno, olhos castanhos de olhar tranquilo, amistoso, tem um gênio tranquilo, uma fala calma. Gus é o oposto, loiro de olhos firmes, também tem o mesmo tipo físico de Billy, porém, é temperamental, tende a ser explosivo quando pressionado. Eram amigos desde pequenos, estavam sempre juntos. O sonho deles, quando pequenos, era ser soldado, ir para o front ao norte da Planície Americana, marchar pelo campo de guerra que ligava as duas partes de Eyja e conquistar cada posição britânica. Costumavam, nas vezes em que brincavam de guerra, fingir que haviam conquistado a sede do comando britânico na porção norte da ilha e sempre discutiam sobre quem iria hastear a bandeira americana e colocar fim ao combate, decretando a supremacia dos Estados Unidos sobre Eyja. Naquele dia, porém, eles ja estavam longe das brincadeiras, tinham 17 anos e logo os combates seriam mais do que apenas imaginação para os dois. Estavam chegando na idade militar e, assim como todos os outros rapazes da parte americana, teriam que se apresentar ao comando do exército para ingressarem nas forças armadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...