2 de set. de 2010

Se existe um 'melhor dia na minha vida'?

Escrito por Fabs.

Foi num dia de janeiro, num dos últimos dias, não sei precisar se era 30 ou 31, mas era um dos dois e isso basta. Era um dia esperado, não pelo motivo sobre o qual escrevo - que foi simplesmente a surpresa mais agradavelmente importante que ja tive. Era um dia esperado pela alegria da data, pelo sentimento de expectativa e diversão que tornou-se sinônimo daquele dia de final de janeiro. Era dia de festa de casamento.

Todo mundo estremece quando ouve sobre festas de casamento. Ricas ou pobres, festas de casamento tem o mesmo poder de mexer com as pessoas. Festas de casamento remetem à trajes sociais novos e elegantes, chill out time para os homens e correria de salão para as mulheres, docinhos e bebidas, encontro com parentes distantes (que na maioria das vezes não se sabe quem são e cinco minutos depois continua-se a não saber) e farra com primos próximos.
Para quem é convidado é um daqueles dias em que você esqueçe que existe um mundo inteiro lá fora, girando e girando, só existe a festa no pensamento e, provavelmente, a única coisa que verás girando ao final da festa será sua cama - e acredite, ela vai girar muito.
Para quem está se casando é um dos maiores (e estressantes) dias da vida.
Para mim, mesmo não sendo eu a casar, foi o dia de maior importância que já vivi até então.

A festa fora em outra cidade, o que significava animação extra pois a família toda se reuniria em um só hotel. Trajes prontos, horários marcados, players estufados com as músicas preferidas daquele momento e caímos na estrada. Era pouco tempo de viagem, uma hora e meia, duas no máximo. Era o suficiente para não cansar nem ser curta demais. O hotel ficava em frente a um hipermercado, perfeito! Uma cerveja gelada assim que chegamos e ainda tinha uma tarde inteira pela frente. Dormir a tarde para estar bem a noite é enganação se você tiver menos de 50 anos de idade, a excitação é grande demais pra te deixar pregar o olho, não importa o quão cansado você esteja. Primos e tias e trajes pendurados no guarda-roupa do quarto e horários em salão que se aproximavam das mulheres, pra mim era só um pouco de tédio e minutos que pareciam horas. Jogada de mestre aquele tempo não passar jamais, aumentava minha expectativa para a festa, gravava cada momento em minha mente, me preparava para então me surpreender com a real importância daquele dia.

Só o que eu esperava daquele dia era me vestir elegantemente, beber whisky e aproveitar tempos muito felizes com minha família. Não havia me passado pela cabeça, em momento algum, a possibilidade de acontecer o que realmente aconteceu.

O final da tarde enfim havia chegado. Banho demorado, terno, nó de gravata e sapatos lustrados, perfume e correria de última hora. "Ande logo! Vai se atrasar!" Odeio que me apressem, sai do hotel irritado. Mas quarenta minutos depois, ja dentro da igreja, a atmosfera de felicidade ja havia voltado, tudo era lindo e eu sentei na fileira direita das três disponíveis, junto com minha irmã. Meus pais, padrinhos do casamento, sentaram-se na fileira da esquerda das três disponíveis, sorte deles, era a fileira mais importante daquela igreja.

Cerimônia terminada e fui guiando o carro até o local da festa. Tudo, mais uma vez, lindo. Escolha de mesas, reencontro com familiares, risadas e conversas, todos ainda meio presos, contidos, mas ansiosos por relaxar. Começei aquela noite com dois parceiros, meu pai e um primo, mas estávamos de certa forma desfalcados, ambos - pai e primo - não estavam no 100% da forma física (ou do estado físico). Era apenas eu contra a festa então.

Logo localizei o único garçom importante naquela festa, o do whisky. Até então ja tinha cumprido metade das minhas esperanças para aquele dia, estava elegante como nunca antes e ja possuía meu copo de Red Label com Club Soda, meu combustível para a noite. Faltava apenas continuar com os momentos felizes até a noite findar-se e meus planos de mero mortal estariam cumpridos. Porém, ó um tolo se esquece dos imprevistos. Coisa importante se quiser ser um bom administrador: 'planeje seus imprevistos' - estranho né?

E ainda era eu contra a noite, soube que tinha jantar e que estava realmente bom, mas não posso comprovar se essas afirmações são verdadeiras, comi uma coisa ou outra, conversei uma coisa ou outra, mas parecia que, apesar dos meus planos, eu começava a perceber - mesmo que inconscientemente - que havia algo mais. Nada me prendia a atenção, nada me prendia em um só lugar, eu queria andar e beber e procurar por alguma coisa que eu não sabia qual era.

Começei a descobrir quando cruzei com duas crianças, duas garotinhas, no corredor principal do salão, elas sorriram para mim e eu tentei lembrar de onde as conhecia. "Da festa de noivado!" Me lembrei um pouco depois que havia brincado um pouco com elas na festa de noivado, até então eram apenas filhas de alguma amiga dos meus pais. Mas ficaram em minha mente, eu as conhecia e isso significava algo. Uma volta pra lá, outra pra cá, mais um copo de Red Label e Club Soda e avistei um monte de engravatados conhecidos conversando. E foi ali que eu encontrei o que eu estava procurando sem saber.

Ela estava sentada, linda, num vestido prata (ou cobre) e sapatos azul marinho (ou pretos), com o cabelo preso num coque (ou preso de alguma outra forma), um batom vermelho nos lábios grandes (ou eram apenas os lábios). Ao lado dela estavam sentadas as duas garotinhas filhas de alguma amiga de minha mãe que a partir daquele momento passaram a ser somente irmãs dela. Eu não conseguia parar de olhá-la e ela insistia em desviar o olhar.

O resto da minha noite girou ao redor dela, tinha que arrumar um jeito de conhecê-la.
Consegui afinal, na pista de dança, enquanto tocava alguma música que eu não lembro qual é, mas que começamos a dançar juntos e ela me disse que era sua música, devia ser When Love Takes Over talvez, sugestivo não? Um indício do que estava por vir, na verdade. Sei que falei muita coisa tosca, mas não importava, eu estava rendido, assim como ela, éramos então eu E ela contra a noite. Eu mais ela contra a noite. Nossas bocas juntas num beijo intenso contra a noite. O começo de uma história naquela noite.

Acordei de ressaca no dia seguinte, só tinha ela na minha mente. Fui tomar um banho ao som de Tik Tok, pois ela havia dito ser sua música preferida daqueles dias. Eu sorria intensamente. Aquela festa de casamento afinal mexera comigo, muito mais do que eu esperava e eu estava feliz. O telefone dela estava marcado na agenda do meu celular, ela havia me passado seu número na noite anterior, havia dito "Me liga, podemos combinar uma tequila juntos qualquer dia." Ela morava na mesma cidade que eu. Tudo se encaixava. Tinha um motivo, afinal, era ela.

E hoje somos eu e ela. Mandei uma mensagem para ela uns dois dias depois. Começamos a conversar e nosso primeiro 'encontro' foi uma tequila, sentados na praça, só ela e eu. Eu e ela.
Desde então somos eu e ela e ela e eu, não existe forma de separar, não existe mais um sem o outro desde aquela agradável surpresa, desde que eu, um péssimo administrador que não sabe prever imprevistos, a encontrei naquela festa, um total imprevisto. Graças a Deus sou um péssimo administrador.

Qual o melhor dia na minha vida?
Hm, assinalo 'Outros' e justifico falando que todos os dias - desde que a conheci, desde a primeira vez que beijei aqueles lábios e abracei aquela cintura, desde o momento em que ela, sem dizer uma palavra, simplesmente afrouxou minha gravata e abriu meu colarinho porque estava calor na festa de casamento, desde o momento em que a levei até o banheiro e esperei na porta até que ela saísse, desde o momento em que me rendi àqueles olhos - são os melhores e mais perfeitos.

Um comentário:

  1. agora consigo comentar!
    parabéns pelo texto, é mesmo incrível notar que a partir de um evento que alguém organizou, tantas coisas podem acontecer! é meio que a teoria do caos, onde você vai lá, organiza uma festa, algumas pessoas se conhecem lá e isso pode mudar bastante, de forma boa ou ruim, as vidas delas. no caso, ainda bem que foi uma mudança bastante positiva! HUAHUA.
    seu post me lembrou a música do Dashboard Confessional, Hands Down, que me lembra o melhor dia que já tive, e inclusive o Chris escreveu em homenagem ao melhor dia dele também, né?
    que esses 'outros' dias mantenham a continuidade!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...