3 de set. de 2010

Os Quatro Sonhos

Escrito por Igor

João nasceu com um sonho.
João o pediu a Deus.
Deus ouviu e respondeu. “Ok”.

João cresceu confiante no seu futuro.
Até que um dia olhou para si e questionou. “Deus...? DEUS?! Quem sou eu para ter esse sonho?”
Deus ficou em silêncio.

Sem entender esse silêncio, João pegou um martelo e um prego.
João foi construir um sonho com suas próprias mãos.
Acreditava que poderia controlá-lo se o criasse.
João ‘conhecia’ suas limitações, mas se esqueceu que Deus também as conhecia.

Iludido, João começou a construir seu futuro.
Sorridente e conformado, ele planejou sua vida.
Dia após dia ia construir alguns pedaços.

Num dia como os outros, João viu cada pedaço ser arrancado e lançado pra tão longe que mal podia ver.
“Por que, Deus? Por quê?”, questionou João.

João voltou pra casa então, inconformado.
Foi dormir, mas naquela noite choveu tão forte que acordou.
João viu cada pedaço da sua casa sendo inundado.

João estava triste e sozinho.
Não entendia como Deus permitira essas coisas.
As pessoas que João amava sofriam muito.

Após um tempo, no entediante silêncio da sua vida, João fechou seus olhos para dormir, mas com Deus falou de todo coração. “Se eu não puder sonhar alto esta noite, não me deixe dormir. O Senhor me criou, sabe que irei.”
João dormiu.


Sonhou que havia um espelho embaçado.
Olhava e olhava. Não via nada além de borrões.
Mas toda vez que um pouquinho limpava, conseguia se ver.
A curiosidade de olhar-se por aquele reflexo de sua alma o fez procurar a forma de limpeza perfeita.
João ‘buscou e achou’.


Sonhou que poderia voar.
Olhava os problemas do alto. De lá pareciam tão pequenos.
Sentava numa nuvem confortável e, inexplicavelmente, um beija-flor que bebia de águas vivas, o contava as mais sinceras histórias de amor.


Sonhou estar em guerra.

Milhões de soldados marchavam e batiam suas armaduras bem forte, porém ritmicamente.
O líder dos soldados o olhava firme e o repreendia.
João reagia sem pensar.
De repente, os soldados se aquietaram.
Tudo o que João ouvia era o som do coração do líder oposto.
Estranhamente, pulsava como melodia pro seus ouvidos.
Dias se passaram e a ‘guerra’ só acabou quando João percebeu algo.
“Não há guerra se os fins são os mesmos!”


Sonhou ter um clone.

João e o clone percorriam caminhos semelhantes.
O tempo, entretanto, nunca era o mesmo. Pois, de certa forma, precisavam um do outro, de suas respectivas experiências.
Era algo que os cientistas não sabiam explicar.
Algo que a mente humana não estava pronta para entender.
Mas era tão verdadeiro que João nem questionava. O abraçava e o seu coração, estilo Rubem Alves, gritava. “Tenho um amigo! Tenho um amigo!”.

Após Os Quatro Sonhos, João entendeu um milésimo dos planos de Deus.
Arrependeu-se de confiar em seus próprios braços.

Toda noite que dorme, entre os sonhos há sujos pesadelos.
Mas João descansa feliz, pois naquela noite percebeu. “Eu sempre me sujarei, mas o sonho de estar limpo agora é meu e de alguém bem maior que eu.”

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