13 de ago. de 2010

XVII: Tramando

Escrito por Fabricio Cantarella

- Como ele pode? Depois de tudo o que fizemos, tudo o que tivemos? Só porque nos desentendemos aquele dia... nem tinha sido pra tanto!

Estava enfurecida.

- Aquela maldita Gabriele! Surge do nada, toma o Chaz de mim e ainda tem a audácia de ficar grávida? Quem ela pensa que é?

A mente de Lívia fervilhava, ela iria conseguir o Chaz de volta, não sabia como nem quando, mas iria. E o mais importante, ela iria acabar com Gabriele, faria ela sofrer, queria ver nos olhos dela o que transparecia em seus próprios naquele momento. Fúria, dor.

Voltou para casa andando rápido, passos pesados, decididos. Precisava de silêncio, um lugar para pensar e um banho, para clarear as idéias, separar as boas das ruins. Armar o plano perfeito para acabar com aquele relacionamentozinho todo. Entrou em casa, jogou a bolsa no sofá e ja foi se despindo, chegou ao banheiro apenas de calcinha e sutiã, parou na frente do espelho e começou a se olhar.

Os olhos estavam um pouco inchados do choro que escopou pelo caminho, mas ainda eram firmes, brilhantes. A boca era bem desenhada, assim como o nariz, o rosto, apesar da expressão daquele momento, era delicado, com curvas suaves, pele lisa. Tirou o sutiã, os seios eram pequenos mas firmes, bem desenhados, lembrou-se então da época em que ele adorava brincar com aqueles seios, se divertia acariciando-os, sorriu por um momento. Deslizou então a mão pela cintura, fina, a barriga magra e macia. Lívia não fazia nada, apenas era magra, do jeito que muitas mulheres sonham ser e a maioria delas jamais conseguirá. Desceu um pouco mais pelo corpo, as mãos sentiram o tecido da calcinha, os dedos percorreram toda a extensão e voltaram, sentindo o algodão, liso, macio, Lívia sorria agora, por dois motivos.

Tomou o banho mais calma, sem pressa, estava tranquila agora, sabia o que fazer em seguida, ja tinha arquitetado tudo em sua mente, podia dar-se um dia de descanso. Fez compras no dia seguinte, blusas, calças, um par de sapatos de salto e um vestido, estes especiais, tinham um propósito, e lingerie, uma em especial, sexy. Saiu então e resolveu dar uma desviada no caminho para casa, resolveu passar na frente da casa de Chaz. Uma fresta de luz aparecia pela janela, ele devia estar em casa, resistiu ao impulso de parar, aquele não era o momento. No dia seguinte, a mesma coisa, era dificil não parar para vê-lo, mesmo tendo de experimentar uma indiferença brutal por parte dele, valia a pena apenas olhá-lo por um instante. Mas, nos dias que se seguiram algo mudou.

A janela não apresentava mais luz em momento algum e foram vários os que Lívia passou procurando por um sinal de vida naquela casa, os dias passavam e a situação era a mesma, Lívia começou a preocupar-se, não sabia o que havia acontecido, não era possível que ele havia se mudado, ela saberia. Tentou ligar, mas sempre em vão, ninguém atendia. E os dias passavam. Duas semanas se passaram afinal e nada havia mudado. Lívia ja não sabia o que fazer, até que surgiu uma luz. Coincidentemente naquele dia, Chaz estava em casa. Perfeito! Ela subiu.

- O que você quer?, disse ele abrindo um pouco a porta.
- Nossa, que grosseria! A mãe de seu filho não esta te fazendo feliz Chaz?, tinha um tom ácido.
- Não fale assim!
- Porque? Não gosta que fale dela? Ou do seu filhinho?
- Por favor Lívia, saia do meu apartamento., eu tentava me manter calmo, apenas tentava.
- O que foi que houve Chaz? Ta nervoso porque?
- GABRIELE SOFREU UM ABORTO LÍVIA! PORRA! NÃO CANSA DE PISAR EM MIM?
- Aborto?, afinal, estava realmente tudo ficando perfeito.
- Sim! Um aborto! Não tem mais filho! E agora eu preciso tomar um banho e voltar para a hospital. Você sabe onde fica a porta, com licença.

Era tudo o que precisava. Chaz entrou no banheiro e Lívia ficou sozinha na casa, era hora de colocar o plano em ação. Foi até o quarto, aquele quarto onde haviam passados tantas noites, aquele quarto onde o ultimo plano para conseguir Chaz de volta havia fracassado. Tudo estava arrumado, como se há dias nada fosse mexido, Chaz devia estar dormindo no hospital. Ela achou um papel e uma caneta, exatamente onde deviam estar, escreveu um bilhete rápido, assinou com a data do dia e deixou no meio dos travesseiros, junto com um 'presentinho'.

- Tchau Chaz, passo aqui algum dia para ver como você está., disse de fora da porta do banheiro.

Feito. Esperou Chaz sair, queria ter certeza que tudo tinha dado realmente certo e a expressão de confusão que ele levava estampada comprovava o sucesso. Agora era só esperar a hora de agir novamente.

- Você vai ser meu novamente Chaz, você sempre foi meu., e ela sorria.

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