11 de jun. de 2010

XIII: Dizendo

Escrito por Fabricio Cantarella

- Algo a contar ... pode falar Gab.

Naquele momento minha cabeça girava, tentava prever o que vinha pela frente.
Fazia pouco mais de uma semana desde que deixei Gabriele no aeroporto, pouco mais de uma semana desde que eu vi uma parte de mim subindo em um avião e voando para longe de mim; foi dificil suportar esses dias que passaram, a ausência dela, o vazio da minha rotina, Lívia e suas investidas, e então, havia algo a ser contado, haviam palavras que estavam por serem ditas, existia o reflexo que elas poderiam causar e havia eu, atendendo o telefone da minha mesa na galeria, com Lívia ao meu lado me olhando e esperando com uma cara de desagrado por perder minha atenção e minha cabeça a milhares de milhas por hora, apenas esperando.

- Falarei, mas antes queria dizer que sinto sua falta Chaz.
- Sinto a sua falta também, está sendo um tanto quanto dificil por aqui sem você.
- Mas, me diz, como está a cidade nova? - eu estava ansioso, mas não queria apressá-la.
- Está bem, é tudo diferente, ainda preciso me acostumar.
- Irei visitá-la assim que terminar alguns trabalhos aqui na galeria... ta tudo atrasado e bagunçado por aqui.
- Sua cara isso Chaz... - ela deu uma risada, nervosa, mas uma risada.

Foi bom ouví-la rir, me levou de volta aos dias em que eu passava o tempo todo ao lado dela, falando besteiras só para ouvir sua risada fina e descontraída, entrecortada por suspiros.

- Mas, eu estava me sentindo um pouco mal esses dias... - Gabriele disse.
- Mal? Procurou um médico?
- No começo achei que fosse só meu corpo estranhando as novidades, mas depois de uns tres ou quatro dias seguidos eu percebi que não apenas uma reação do meu corpo...
- E ... médico? - eu estava aflito.
- Sim, fui a um médico ontem...
- E?

Ficamos então em silêncio por um momento, um momento que para mim parecia eternidades, Lívia ainda me olhava com cara de desaprovação, mas era visível uma ponta de curiosidade nos olhos dela, imaginei como deveriam estar os meus olhos, mas no meio do meu pensamento Gabriele falou:

- Vamos ter um filho Chaz. Eu estou grávida...

Nos cinco minutos que se seguiram ao que Gabriele disse, muita coisa aconteceu.
Os cinco minutos começaram a contar quando eu simplesmente repeti num meio sussuro a última palavra de Gabriele:

- Grávida.

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