8 de abr. de 2010

XII: Esperando

Escrito por Fabricio Cantarella

Naquele dia eu fiquei bebado, acabei com uma garrafa toda de whisky praticamente enquanto me esforçava pra esquecer - logo que lembrei - o que havia acontecido na noite anterior. Eu estava tambem bastante irritado com Lívia. Ela havia mentido pra mim, não haviamos feito sexo, apenas dormimos juntos na mesma cama após ela me beijar por horas e eu tentar me livrar dela assim que a vi ocupando o lugar de Gabriele ao meu lado. Mas ainda assim, eu havia cedido à tentações que não deveria.

Quando Lívia me beijou, senti que queria mais daquele beijo, daquela boca, daquele corpo. Lívia deixara viva sua marca em mim e soube atacá-la diretamente quando me beijou. Mas eu pertencia à Gabriele agora e a idéia de voltar para Lívia era, ao menos, insanidade. Mas eu tinha sentido algo e queria afogar aquilo em doses e doses de bom whisky.

Quando levantei do sofá, ja era dia seguinte, minha cabeça doía como nunca antes e eu precisava trabalhar, tinha algumas obrigações com a galeria ainda. Tomei um banho, um café extremamente quente e forte, uma aspirina e sai pra rua. Na galeria minha caixa de recados estava mais que cheia e minhas idéias mais que vazias, a recepcionista me passou todos os recados, inclusive um que me despertou:

- Lívia ligou Chaz, vocês voltaram a se falar é?
- Conversamos uns dois dias, o que ela disse?
- Disse pra te agradecer pela noite anterior e que era pra você retornar a ligação, ela disse que tinha algo marcado pra vocês no final de semana.
- Obrigado. - disse com cara de poucos amigos.

Resmunguei um "maldita" e entrei pro estúdio nos fundos da galeria, aquilo estava uma desordem imensa e minha cabeça girava em um misto de raiva e confusão, portanto resolvi arrumar as coisas antes de ser obrigado a tentar ser criativo.

Me demorei bastante na arrumação, organizando as coisas nos mínimos detalhes, colocando telas e pinceis e materiais de escultura em suas devidas gavetas e prateleiras e pendurando nas paredes as coisas que não tinham onde serem guardadas. Uns 40 minutos depois e metade da bagunça arrumada, meu telefone toca, era a recepcionista:

- Chaz, Lívia está aqui na entrada, posso mandá-la entrar?
- Putaquepariu! Pode, pode. - minha voz saiu dura.
- Taa... - a recepcionista respondeu com uma voz neutra.

Lívia chegou feliz, me abraçando e sorrindo enquanto eu me mantinha carrancudo e impassível, estava realmente irritado.

- Chaz! Tudo bem meu amor?
- Lívia, por favor, pare de me chamar de meu amor...
- Porque meu amor?
Eu tenho certeza que ela estava se divertindo muito com aquilo tudo. Me limitei apenas a olhá-la com uma cara de extremo desapontamento.
- Tá, me desculpe, vou tentar parar. Mas, porque não me ligou?
- Eu estava ocupado.
- Ah, tudo bem. Reservei uma mesa pra dois naquele restaurante que você gosta, sexta a noite, que tal?
- Não obrigado.
- Porque? Depois da nossa noite juntinhos acho que podemos sair pra um jantar.
- Nossa noite juntinhos não passou de um momento fraco meu, Lívia. Não existe mais nada entre nós, você mesmo disse isso quando saiu de casa naquele dia.
- Você ainda com isso?
- Eu estarei sempre com isso na cabeça.
- Me dê outra chance, você viu que nosso fogo ainda se acende facilmente.
- Lívia...

E meu telefone nesse momento tocou, novamente a recepcionista:
- Chaz, é Gabriele no telefone e disse que é urgente...
- Pode passar.

- Gabriele? Tudo bem?
- Chaz, tenho algo a te contar...

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