6 de jan. de 2010

IX: Distanciando

Escrito por Fabricio Cantarella

Gabriele não podia ficar muito, tinha que arrumar suas coisas, decidir sua vida, por isso se apressou logo em arrumar a bagunça do café.
- Coloque logo uma roupa, vamos comigo até em casa.
- Ok Gab, quero aproveitar meus momentos contigo.
E com isso, fizemos amor.

Fomos à pé até a casa de Gabriele, não era la muito longe da minha e queriamos aproveitar o sol da manhã, andar de mãos dadas, queriamos deixar sensações na memória, que logo se transformariam em saudades que por sua vez, virariam vazio. O dia era bonito, céu claro, limpo, rua movimentada, cheia de cores, mas para nós dois, as cores estavam desbotadas, os movimentos eram meros borrões, estavamos tristes, isso era visível.

E continuamos tristes quando chegamos ao apartamento, quando separamos as roupas que iriam na mala, quando retiramos das prateleiras os livros que seriam encaixotados, quando guardamos os enfeites. Foi um dia triste.

Depois de tudo pronto, com apenas os móveis grandes a serem embalados, coisa que seria feita pela empresa de mudanças assim que o endereço da casa que a empresa forneceria fosse passado à Gabriele, sentamo-nos no sofá, olhamos um para o outro, Gab tinha lágrimas nos olhos.
- Desculpa Chaz...
- Não se martirize Gab, não foi culpa sua. E te visitarei sempre que possivel.
- Mas queria você ao meu lado...
- Estarei sempre do teu lado.
- Mas...
- Vai dar tudo certo. Vamos ficar juntos no final.
Gab me olhou firme nos olhos, com uma chama de esperança, e com isso, fizemos amor.

Foi um sexo triste, lento, carinhoso ao extremo, assim como nossa despedida no dia seguinte.
Gabriele passou pelo portão de embarque, com um choro suprimido e eu fiquei, de volta ao chão, ao mundo cruel, vazio como só eu conhecia.
Então meu celular tocou, o nome no display não contribuia em nada com meu animo, mas ainda assim atendi.

- Diga Lívia...

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