3 de dez. de 2009

VII: Reencontrando

Escrito por Fabricio Cantarella

"Estava com saudades e arrependida por ter te deixado..."

Aquelas palavras ainda soavam em meus ouvidos quando levantei na manhã seguinte.
Lívia papeou a toa naquele telefonema, segurava a conversa, pedia desculpas, queria me ver e eu desconversava, mas cedi um café a ela, no final das contas, ainda era ela.

Dispensei meia hora do dia seguinte, sexta-feira, pra ela. Fui claro quanto à situação em que nos encontrávamos:
- Sabe que estou aqui por pura cortesia ?
- Desculpe-me Chaz, fui imatura e precipitada, me arrependi no momento em que bati nossa porta...
- Hm...
- ... meu orgulho não me deixou voltar...
Eu a olhava nos olhos, minha mente vagava um pouco, não queria ouvi-la, não queria lembrar de tudo aquilo novamente, mas ela insistia em dizer que sentia muito e que queria voltar pra mim:
- Me perdi sem você Chaz, de verdade, sinto falta da nossa vida, nossas risadas, nosso sexo...

Ela até chorava, lacrimejava, mas haviam emoções naquelas lágrimas, porém, aquilo não se comparava ao que eu sofri e não chegava nem perto de me tirar de onde eu estava agora, junto de Gabriele, feliz, depois de muito tempo, feliz.
Resolvi não ser franco com ela logo de cara, preferi esconder algumas coisas, deixei-a desabafar, chorar o que quisesse, mas não queria acabar com ela mais do que ela estava acabada.
Paguei nosso café e levei-a até o metrô, um aperto de mãos foi a despedida, ela forçou um abraço, mas não me esforcei em corresponder, ela me fez sofrer, mesmo que ela também tenha sofrido, ela ainda me fez sofrer e eu me ressentia disso.
Mas o calor do corpo dela havia me despertado algo...

Eu e Gabriele saímos a andar sem rumo naquela noite, ver o luar, conversar, rir, porém, só ela riu, eu estava distante, disfarçava o que podia para não deixá-la preocupada, mas eu estava distante. Minha mente havia voltado naquele café durante a tarde, naquelas lágrimas, naquele meio abraço. Inventei uma desculpa, uma reunião logo cedo e uma dor de cabeça para voltar logo pra casa, Gabriele que me desculpasse, mas eu precisava ficar sozinho.

David Choi cantava nos falantes do stereo e as garrafas de cerveja jaziam na mesa ao meu lado enquanto eu olhava pela janela, para o céu estrelado la fora, e imaginava o porque disso tudo acontecer, porque a tristeza insistia em tentar sobrepujar minha felicidade, porque meu timing era tão ruim, porque... . Acordei no sofá, de ressaca, com alguém batendo na porta. Levantei-me, meio zonzo, e fui abrir a porta, era Gabriele:
- Oi Gabs, que faz aqui tão cedo?
- Chaz, você esta de ressaca?
- Hm, é, um pouco...
- Vai tomar um banho enquanto faço um café, precisamos conversar.

Aquele banho foi um dos mais ansiosos de minha vida, por um lado precisava me recuperar da ressaca, por outro, tinha medo do que viria de Gabriele.

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